sábado, 27 de dezembro de 2008

HOMOFOBIA NA SOCIEDADE

O Segredo de Brokeback Mountain - Dois jovens se conhecem no trabalho em uma montanha isolada, iniciando no local um relacionamento amoroso. Dirigido por Ang Lee (O Tigre e o Dragão) e com Jake Gyllenhaal, Heath Ledger, Michelle Williams, Anne Hathaway, Randy Quaid e Anna Faris no elenco. Vencedor de 3 Oscars.

Resumo: O artigo trata da Homofobia como um problema social que deve ser enfrentado para o exercício da cidadania plena e para o bem comum, em uma abordagem intertextual do filme “O Segredo de Brokeback Mountain” aplicado à realidade e à sociedade. O filme “O Segredo de Brokeback Mountain” foi taxado pelo público como “O filme dos caubóis gays”, principalmente pelas pessoas que não o assistiram. Tal fato explica-se pelo preconceito acerca do principal tema abordado pelo filme: Homofobia. Homofobia é o conceito dado internacionalmente à intolerância gerada pela discriminação contra pessoas que possuem orientação sexual e/ou afetiva diversa das orientações consideradas como normais – a heterossexualidade e a afeição apenas entre homem e mulher. A Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, tem como um de seus objetivos fundamentais, previstos em seu art. 3º, o seguinte: “IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. A Homofobia, como dito anteriormente, é uma forma de discriminação.
Portantoenquadra-se como uma hipótese do referido artigo da Carta Magna. As conseqüências da Homofobia são muito desastrosas para aqueles que sofrem diretamente com o preconceito, pessoas que geralmente sofrem fortes agressões; sejam elas de natureza verbal ou física. Porém, as conseqüências da Homofobia são desastrosas não só para os que sofrem com a intolerância, pois ela afeta indiretamente a toda a sociedade, na medida em que pessoas reprimidas pela intolerância se obrigam a agir de maneira diversa da qual seria adequada ao seu ideal. Por exemplo, quando a base de uma família está em um relacionamento frustrado entre um homem e uma mulher, os Filhos desse casal provavelmente “herdarão” uma grande carga de problemas originados pelas frustrações de seus pais.
Baseado em um conto escrito pela autora americana Annie Proulx, o filme “O Segredo de Brokeback Mountain” trata-se de uma estória de amor que se inicia em 1963, entre dois jovens americanos, enquanto trabalhava na montanha Brokeback, um local isolado da sociedade. Os jovens iniciam um romance que não entendem e temem ser descoberto. Por não terem alternativa, devido ao preconceito da sociedade na qual estão inseridos e à grande ocorrência de assassinatos contra homossexuais, os jovens tentam levar uma vida convencional, em uma luta contra seus sentimentos e instintos. Quando não agüentam mais a distância à qual se colocaram, os jovens passam a manter secretamente o amor e a atração que nutrem um pelo outro. “O Segredo de Brokeback Mountain” foi vencedor de 3 Prêmios Oscar(melhor diretor, trilha sonora e roteiro adaptado), de 4 Globos de Ouro (melhor filme, diretor, roteiro e canção), e eleito melhor filme no Festival de Veneza de 2005.
O conto “Brokeback Mountain”, de Annie Proulx, foi publicado pela primeira vez na revista americana “The New Yorker” em 1997. No mesmo ano, Larry McMurtry e Diana Ossana compraram os direitos autorais do conto e escreveram o roteiro do filme. Os roteiristas só conseguiram levar “O Segredo de Brokeback Mountain” aos cinemas após oito anos, pois encontraram muitas dificuldades em conseguir financiamento e bons atores dispostos a interpretarem os personagens homossexuais.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A busca de super-homens é uma quimera longa e trágica na história humana

SERÁ POSSÍVEL escolher as preferências sexuais de um filho? Não, não falo de preferências por ruivas, loiras ou morenas. A questão, levantada pela cibernética "Slate", vai mais fundo: será possível mexer na base neurobiológica de uma criatura e "reprogramá-la" para ela gostar do sexo oposto? Talvez. Conta a "Slate" que longe vão os tempos em que a homossexualidade era encarada como escolha pessoal ou produto do meio. A homossexualidade é um fato natural - como a cor dos olhos, a pigmentação da pele-, e estudos recentes apóia a tese ao mostrarem diferenças visíveis no cérebro de homossexuais e heterossexuais. Parece que os gays têm cérebros muito semelhantes aos das mulheres heterossexuais. E parece que as lésbicas têm cérebros muito semelhantes aos dos homens heterossexuais. Mas os estudos não ficam restritos a esse retrato. Os cientistas dão um passo além e sugerem que importantes influências hormonais, durante e pouco depois da gestação, determinam a constituição neurobiológica do indivíduo. E, se os hormônios desempenham papel principal, abre-se a porta prometida: "reorientar" os hormônios, "reorientar" a preferência sexual do bebê. A possibilidade recebe aplausos. A Igreja Católica, confrontada com tal cenário, esquece a sua própria doutrina sobre os limites da manipulação médica e apóia decididamente a busca de uma "terapia" capaz de "curar" a "doença" homossexual. Mais impressionante é a opinião da maioria: questionada sobre a possibilidade de conhecer a orientação sexual do filho por meio de um teste pré-natal, a generalidade não hesitaria em recorrer ao aborto ou à "reprogramação" caso a sexualidade da criança apontasse para o lado "errado". No fundo, quem não salvaria um filho do preconceito social ou da "doença" homossexual? Fatalmente, a questão é desonesta. Aceitar as premissas do debate lançado pela "Slate" -aceitar, no fundo, que, por meio da ciência, é possível reverter à orientação sexual de um ser humano- é aceitar, implicitamente, que a homossexualidade é uma doença. E, aceitando-o, permitir que a medicina a trate exatamente como trate qualquer doença. A realidade não legitima a fantasia. A síndrome de Down ou a espinha bífida, por exemplo, são doenças no sentido mais básico do termo: elas impedem que um ser humano tenha uma vida plena. Podemos discutir se a medicina deve e pode "manipular" genética ou biologicamente uma vida humana para erradicar esses males. E podemos discutir se esses males legitimam a interrupção da gravidez. Mas essas discussões são distintas do problema inicial: reconhecer a Down ou a espinha bífida como fatores objetivamente incapacitantes de uma vida normal. A homossexualidade não é uma doença. Pode ser motivo de preconceito social, dificuldade relacional, neurose pessoal - mas não é impeditiva de um funcionamento pleno do indivíduo nem põe em risco a sua sobrevivência futura. Nada disso significa, porém, que não exista uma base neurobiológica capaz de explicar a orientação sexual. É possível e até provável. Exatamente como é possível e provável que certas propensões da personalidade humana -para a depressão, para a liderança, para a criatividade- estejam já inscritas na nossa natureza. Mas isso não autoriza a medicina a procurar o paradigma do Super-Homem, dotado da dosagem certa de humor, capacidade de chefia, talento para a pintura e para o sapateado. A busca de super-homens é uma quimera longa e trágica na história humana. Resta a questão final: e os pais? Confrontados com a possibilidade de "reprogramarem" a orientação sexual de um filho ou de descartarem-no via "aborto terapêutico", terão os pais o direito de pedir à medicina esse instrumento seletivo e subjetivo? Aceitar essa possibilidade é aceitar que, no futuro, os pais poderão determinar a vida futura dos filhos. Escolher a orientação sexual; o temperamento; a vocação intelectual; a excelência atlética ou estética. Não duvido que a maioria, confrontada com tal hipótese, reservasse para a descendência o cruzamento ideal entre Brad Pitt, Albert Einstein e Pelé. Mas tal gesto seria uma tripla violência: contra a medicina e a sua função especificamente curativa; contra o mistério e a diversidade da vida humana; mas também contra os próprios filhos, condenados a habitar vidas que não lhes pertenceriam, mas que foram desenhadas pela vaidade, soberba e tirania de seus progenitores.

Preconceito de religiosos sobre os homossexuais

Um pequenino artigo que fala sobre algumas opiniões de religiosos sobre os homossexuais.
Como não podia deixar de serem, todos lideres religiosos consultados se puseram, com conhecida intrepidez, a vociferar
CONDENAÇÃO.
Somente um líder religioso fez uma afirmação inteligente. Não surpreende que se trate do Apóstolo Estevam Hernandez, dono da igreja Renascer. Não se trata de uma surpresa, não por se ele uma pessoa de notável sensatez cristã – isso séria uma grande piada – mas por ele ter aparentemente percebido, depois desses lamentáveis episódios de LADROAGEM. Que todos somos pecadores e igualmente recebedores da misericórdia de Deus.
Mas vejamos: O vereador paulistano Carlos Apolinário (DEM, o ex-PFL) que é mais um daqueles pastores absolutamente ESPERTOS, que se aproveitam das subserviências de seu curral (Assembléia de Deus) e se elegem políticos sem causa (ou melhor, com causa $), está angariando apoio para aprovar uma lei que institui o Dia do Orgulho Heterossexual! Como se algum momento da história os heterossexuais tivessem precisado resgatar sua auto-estima!
Enfim, ele santarrão fariseu fala em “estimular a população a resguardar a moral e os bons costumes.” Esse projeto boçal passou por todas as comissões e agora aguarda votação no Plenário.
Tal pastor e vereador Apolinário, por usar com muito oportunismo a religião para pregar contra os direitos dos homossexuais, vem sofrendo duros ataques das entidades de defesa dos homossexuais, que o classificam como “preconceituoso” e “notório homofóbico.” Suas idéias, porém não são muito diferentes das de outros líderes religiosos que a revista Época consultou.
Vejamos as pérolas:
“O homossexualismo, a mentira, o orgulho, o alcoolismo, a conduta violenta, a promiscuidade sexual são pecados e seus praticantes não herdarão o Reino de Deus” – Missionário R.R Soares. Fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus e dono da RIT (UHF).
Uma pena que esse pastor marqueteiro, que nem tem vergonha de assumir que faz da fé um SHOW, nem considerou que o alcoolismo é uma DOENÇA, e os que sofrem desse mal precisam de ajuda medica e não de um pastor mesquinho julgador.
Não temos restrição contra homossexuais e nem contra qualquer outro pecador.
Jesus disse: “Eu não vim para os sãos, vim para os doentes, porque os enfermos é que precisam de médicos.” Apóstolo Estevam Hernandez
Fundador de a Igreja Renascer em Cristo.
Bom de Mais... O que uma temporada na cadeia não faz com um coração altivo.
“O homossexual é alguém que possui uma identidade sexual em choque com as suas formações anatômicas. As suas causas profundas não têm origem no hoje, mas nas vidas passadas.” Médium João Rabelo – Diretor da Federação Espírita do Brasil.
Posso imaginar o choque que as galinhas sofrem por terem asas e não voarem. Ou as pessoas que são estéreis e desejam ter filhos. Vão todas ter que expurgar seus pecados numa nova encarnação.
Não adianta, recorrer a imperativos biológicos é uma argumentação tão imensamente ultrapassada que, usá-la atualmente é auto intitular-se de ignorante.
Dois bigodudos se beijando não são normais. O problema do GAY não é o fato dele ser GAY. O problema é o comportamento GAY.
Evangelista Carlos Apolinário - Vereador em São Paulo e membro da Igreja Evangélica Assembléia de Deus.
Esse desafortunado evangelista esqueceu-se de ler o evangelho! Estes rompem claramente com o conceito de PECADO X AÇÃO.
Cristo deixa categoricamente claro que pecado é um conceito espiritual e que não depende da prática ou conduta em si, mais da intenção do coração. Esse é um conceito básico em se tratando de teologia cristã. Portanto, esse discurso de que “ser homossexual” não é pecado, mais praticar a homossexualidade é isso é inescapavelmente idiota.
“Apoiando-se na Sagrada Escritura, a tradição sempre declarou que os atos de homossexualidade são desordenados, contrários à lei natural.” Bispo Rafael Cifuentes – Presidente da Pastoral para a Vida e Família da CNBB (Conferência Católica).
Contrário a “lei natural” de novo! Onde está escrito essa lei natural? Na sacristia dos padres pedófilos?
Enfim, esse bispo só foi realmente muito feliz em afirmar que a tradição sempre declarou que os atos de homossexualidade são desordenados... É verdade... Da mesma forma como a tradição da igreja católica romana sempre esteve ligada à perseguição a minorias, a assassinato de cientistas, à demoníaca inquisição, ao apoio tácito ao nazismo etc.
Mas ele falou que a condenação à homossexualidade se apóia nas Sagradas Escrituras! Como?
Enfim, agora vamos falar sério: É lamentável que em nome de Deus pessoas venham falar de desamor e exclusão. Aliás, a própria legitimidade dos lideres cristãos para condenar o amor entre iguais é questionável uma vez que o próprio Cristo, nas Escrituras, afirmou que: “Deus é amor e todos os que permanecem no amor permanecem em Deus e Deus neles.”
Alguns religiosos pouco conhecedores de etimologia, equivocadamente afirmam que as Escrituras condenam os que eles mesmos passaram a traduzir como sodomitas e afeminados, quando na verdade as palavras originais em grego se referem os prostitutos e mulherengos.
E faz-se necessário lembra que segundo as mesmas Escrituras, Deus nos julgará como seres espirituais e não com base em leis biológicas ou anatômicas, pois o espírito é assexuado como nos afirma São Paulo: “Não há mais homem e mulher, pois todos são um só em Jesus Cristo.”
Portanto, o flagrante preconceito destes radicais religiosos se fundamenta somente em seus conceitos morais e particulares, mais lamentavelmente são divulgados como se fossem verdades universais, mesmo contrariando o que diz a própria Bíblia que sempre pregou a inclusão e jamais sequer falou em
HOMOSSEXUAIS.


quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Pai, Pai e filho.

Já faz tempo que assisti a este vídeo postado no YOU TUBE. Minha opinião não refletiria com propriedade e profundidade que o fato merece tudo o que penso a respeito, o que gostaria de falar a respeito de crianças abandonadas e adotadas por duas pessoas do mesmo sexo, mesmo que esta adoção não seja legal.
Minha intenção em colocar este link para o vídeo aqui é o de sensibilizar as pessoas para um fato alarmante. O Brasil tem um enorme número de crianças sem lar, sem pai, mãe, mãe com um pai, mãe e outra mãe ou, pai com outro pai.
A lista de espera para quem quer adotar é enorme, tanto de um lado quanto de outro. E, enquanto isso, as crianças se tornam pré-adolescentes sem amor e carinho, adolescentes com baixa auto-estima, ou um adulto jogado a própria sorte.
Com criança, pré-adolescente ou adolescente não se brinca. Estes seres humanos, abandonados ou porque perderam seus pais e mães biológicas é gente, são pessoas, que merecem as mesmas chances que as demais. Merece cidadania, amor, carinho, afeto, saúde, educação, alimento, referenciais, exemplos cotidianos de viver a diversidade.
Há que diga que pares de iguais não podem dar estas referências. De onde tiraram tamanha asneira? Há homens e mulheres na vida e estes filhos e filhas da vida vão se basear na construção de seu cotidiano, na construção de sua cultura no somatório de suas vivências impregnadas de valores, de morais de éticas criadas pelos adultos. Os referenciais vêm da rua.
Realmente, estou farto de tanta hipocrisia, de tanta burocracia e de tanta política em nome do querer somente o bem-estar da criança, nada mais. Mas, quando esta burocracia leva 5, 10, 15 , 20 anos, não estamos mais falando da criança enquanto ser, mas enquanto objeto a ser negociado baseado em valores ultrapassados, que não condizem mais com nosso tempo.
Óbvio que todos nós queremos a felicidade destas crianças. Mas são melhores 10 crianças adotadas por pares de iguais do que ver a pedofilia praticada pelo pai natural heterossexual.

Puxa você tem nojo de ver dois homens se beijando?

Eu tenho nojo de ver gente batendo em gente.

De ver gente enganando gente.

De ver gente matando gente.
De ver gente passando fome.
De ver gente negando gente só por ser diferente.
Disso sim eu tenho nojo!
Mais você pode dizer o que pensa da homossexualidade das pessoas...
É saudável falar o que pensa. (Desde que não desrespeite ninguém).
E já que você está tão aberto a discutir esse assunto. (O que é louvável da sua parte.).
Eu te proponho que você tire um pouco do seu “casaco de moralidade” e sem idéias prontas imagine como seria se você fosse gay...
Não tenha medo.
Imagine você se descobrindo ser uma coisa que não queira, e lembre-se que o mundo não está preparado para gente diferente!
Tente se imaginar sentindo amor por outro ser humano, (que infelizmente não é do o ser humano do tipo que sua mãe sonhou).
Imagine a dor de ver que você vai ter que escolher entre a sua felicidade ou a dos seus pais.
Ou então viver escondido e com medo.
Levando uma vida frustrada. Ai você um dia é descoberto e é humilhado.
Negado e escorraçado.
Você esta sozinho no mundo! E não entende o porquê de ser assim.
Será que amar é algo assim tão errado?
Será que você é tão ruim assim?
Quando você abraça seu amigo todo mundo acha fofo, mais quando você beija um amigo você é uma aberração?
Aí começa o preconceito! Você é demitida, é xingada na rua por pessoas que você não conhece.
É alvo de piadas e fofocas. Der repente você pensa em ser um ser humano inferior. Só por amar diferente!
Pense nisso e tente imaginar nessa situação!
Você vai ver que ninguém merece seu “nojo”.
Pense nisso!
Vai ser o mínimo interessante... Mais pense antes de disseminar apenas o que você ouviu a vida todo da boca de outros...

Pense, pense, pense, pense, pense, pense, pense, pense, pense!


O Amor entre dois homens existe?

Há quem descreia no amor entre dois homens e haja, por isto, desistido de protagonizá-lo. Trata-se de uma descrença resultante, certamente, da observação de situações alheias e, possivelmente, de decepções pessoais, cujo efeito é o da desesperança em relação a novos amores. Há, nisto, um pessimismo que os fatos desmentem ou, ao menos, mitigam.
Em resultado da homofobia instalada como padrão psicológico nas sociedades ocidentais, dentre elas a brasileira, a maior parte dos homossexuais, até aqui, achou-se na impossibilidade de amar abertamente, ao mesmo tempo em que, manifestando-se a sexualidade ao longo da vida e correspondendo a uma necessidade permanente, muitos gays exerciam-na como expressão única da sua condição homossexual, o que lhes gerou uma promiscuidade célebre, caracterizada pela pluralidade de parceiros, pela ausência de afetividade entre eles e pela busca exclusiva da volúpia: não podendo amar, restava-lhes o transar.
As gerações pretéritas, e dentre as atuais, as dos indivíduos que contam, hoje, cerca de trinta anos para mais, foram condicionadas, pelo meio homofóbico, a reprimir a sua natureza, quero dizer, a frustrar a sua sexualidade e a privar-se de amar.
Esta última particularidade resultou em que muitos homens não experimentaram o amor, não aprenderam a estabelecer compromissos afetivos a sério, não idealizaram uma vida a dois, não adquiriram o valor da fidelidade, não puderam estabelecer uma comunhão com quem amassem: da maioria dos integrantes destas gerações não se pode esperar relacionamentos sérios nem duradouros: em relação a eles, a descrença na felicidade a dois pode justificar-se.
Todavia, o preconceito e a promiscuidade vêm se alterando, rapidamente, nos últimos poucos anos: há menos homofobia e mais aceitação; de conseqüência, mais liberdade de ser homossexual, ou seja, de exercer a sua sexualidade como uma prática normal e sadia, psicológica e fisicamente, e de amar, como uma expressão da natureza emocional de cada um.
Entre o amor heterossexual e o homossexual, não há diferença para mais do sexo dos envolvidos: em si, o fenômeno é rigorosamente igual. Em ambos, há atração, encantamento, carinhos anseiam por compartilhar cada qual da vida do outro; em ambos, encontram-se os mesmos problemas: ciúme, traição, insegurança, desencanto, separações; em ambos, as mesmas virtudes: fidelidade, companheirismo, adaptação mútua, seriedade, realização afetiva, felicidade.
Nesta época de maiores aceitação e liberdade, os homossexuais, em especial os jovens, enfrentam menos problemas, desfrutam mais do seu corpo e (de longe o mais importante), muitos moços procuram realizar-se afetivamente. Daí multiplicarem-se os casais juvenis, antanho inexistentes, em que aos envolvidos repugna a promiscuidade e em que a volúpia é secundária, animados pela procura de uma relação estável e sincera com uma pessoa fiel, no ideal de vidas por partilhar, segundo as preferências individuais de idade e temperamento.
Há, em curso, uma evolução dos costumes, por efeito de uma modificação das mentalidades e como causa de adaptações nas instituições, a exemplo do casamento gay, em perspectiva no Brasil e já adotada em outros países.
O amor entre iguais existe, já, entre os jovens e existirá, crescentemente, sobretudo entre eles e (conquanto em proporção menor) entre os mais velhos, o que vem provocando uma alteração bem-vinda e acelerada na psicologia dos homossexuais moços, face ao anseio de muitos deles pela afetividade e ao esforço pela sua realização, progresso importante no sistema de valores vigente no meio gay: a felicidade de dois homens entre si corresponde a um objetivo cada vez mais alcançável e merecedor da tentativa dos interessados nele.

As Causas da Homossexualidade

Existe gente que acha que os homossexuais já nascem assim. Outros ao contrário, dizem que a conjunção do ambiente social com a figura dominadora do genitor do sexo oposto é que decisivos na expressão da homossexualidade masculina ou feminina.
Como separar o patrimônio genético herdado involuntariamente de nossos antepassados da influência do meio, foi uma discussão que monopolizou o estudo do comportamento humano durante pelo menos dois terços do século XX.
Os defensores da origem genética da homossexualidade usam como argumento os trabalhos que encontram concentração mais alta de homossexuais em determinadas famílias e os que mostraram maior prevalência de homossexualidade em irmão gemeis univitelinos criados por famílias diferentes sem nenhum contato pessoal.
Mais tarde, com os avanços dos métodos de neuro-imagem, alguns autores procuram diferenças na morfologia do cérebro que explicassem os comportamentos homossexuais.
Os que defendem a influência do meio têm ojeriza aos argumentos genéticos. Para eles, o comportamento humano é de tal complexidade que fica ridículo limitá-lo à bioquímica da expressão de meia dúzia de genes. Como negar que a figura excessivamente protetora da mãe, aliada à do pai pusilânime, seja comum a muitos homens homossexuais?
Ou que a ligação forte com o pai tenha influência na definição da sexualidade da filha? Sinceramente, acho essa discussão antiquada. Tão como discutir se a música que escutamos ao longe vem do piano ou do pianista.
A propriedade mais importante do sistema nervoso central é sua PLASTICIDADE.
De nossos pais herdamos o formato da rede de neurônios que trouxemos ao mundo. No decorrer da vida, entretanto, os sucessivos impactos do ambiente provocam tamanha alteração plástica na arquitetura dessas redes primitiva que ela se tronou absolutamente irreconhecível e original.
Cada indivíduo é um experimento único da natureza; Por que resulta da interação entre uma arquitetura de circuitos neuronais geneticamente herdadas e a experiência da vida. Ainda que existam irmãos geneticamente iguais, jamais poderemos evitar as diferenças dos estímulos que moldarão à estrutura microscopia de seus sistemas nervosos.
Da mesma forma, mesmo que o oposto fosse possível – garantimos estímulo ambiental idênticos. Idênticos para dois recém-nascidos diferentes – nunca obteríamos duas pessoas iguais por causa das diferenças na constituição de suas circuitaria de neurônios. Por isso é impossível existirem dois habitantes na Terra com a mesma forma de agir e de pensar.
Se taparmos o olho esquerdo de um recém-nascido por 30 dias, a visão daquele olho jamais desenvolverá em sua plenitude. Estimulado pela luz, o olho direito enxergará normalmente, mais o esquerdo não.
Ao nascer, os neurônios das duas retinas eram idênticos, porém os que permaneceram no escuro perderam a oportunidade de ser ativados no momento crucial. Tem sentido, nesse caso, perguntar o que é mais importante para a visão:
-Os neurônios ou a incidência da luz na retina? Em matéria de comportamento, o resultado do impacto da experiência pessoal sobre os eventos genéticos, embora seja mais complexo e imprevisível, é regido por interações semelhantes.
No caso da sexualidade, para voltar ao tema, uma mulher com desejo sexual por outras pode muito bem casar-se e até ser fiel a um homem, mais jamais deixará de se interessar por mulheres.
Quantos homens casados vivem experiências homossexuais fora do casamento?
Teoricamente, cada um de nós tem discernimento para escolher o comportamento pessoal mais adequado socialmente, mais não há quem consiga esconder de si próprio suas preferências sexuais.
Até onde a memória alcança, sempre existiram maiorias de mulheres e homens heterossexuais e uma minoria de homossexuais.
O espectro da sexualidade humana é amplo e de alta complexidade, no entanto; Vai dos heterossexuais empedernidos aos que não têm o mínimo interesse pelo sexo oposto. Entre os dois extremos, em gradações variadas entre a heterossexual e a homossexualidade, oscilam os menos ortodoxos.
Como o presente não nós faz crer que essa ordem natural vá se modificar, por que é tão difícil aceitarmos a riqueza da biodiversidade sexual de nossa espécie? Por que insistirmos no preconceito contra um fato biológico inerente à condição humana?
Em contraposição ao comportamento adotado em sociedade, a sexualidade humana não é questão de opção individual, como muitos gostariam que fosse ela simplesmente se impõe a cada um de nós.
Simplesmente é!